Tarcísio defende ações de 'contenção' na polícia para barrar 'descontrole' de agentes de segurança

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O governador participou de um evento sobre segurança na capital paulista e levou consigo o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL). Sentado em frente ao secretário, Tarcísio disse que a segurança em São Paulo “é uma ferida aberta, uma chaga” e reconheceu o erro do governo em relação ao discurso para os policiais.

“E a gente comete erro também. Tem hora que tem que parar e pensar. Onde erramos no discurso?”, disse. “Se erra no discurso, dá o direcionamento errado e traz consequências erradas. E isso é fácil de perceber hoje’, afirmou.

Nesta sexta-feira, deputados da oposição ao governo protocolaram na Assembleia Legislativa de São Paulo um pedido de impeachment de Derrite. Ao longo da semana, Tarcísio descartou tirar o aliado do comando da secretaria.

Desgastado com a divulgação de abusos policiais, como o fato de um PM ter jogado um homem de uma ponte, na capital paulista, nesta semana, Tarcísio mudou o tom de seu discurso em relação à tropa. Em março, por exemplo, mesmo depois de inúmeros casos de violência cometidos por agentes na Baixada Santista, o governador chegou a dizer que não estava “nem aí” para as denúncias contra policiais.

Agora, Tarcísio recuou também em relação às câmeras corporais, disse se arrepender de ter tido uma “postura reativa” em relação ao equipamento no uniforme dos policiais e defendeu essa política de segurança. “É um fator de contenção e precisamos de contenção”, disse. O governador afirmou que não pode “permitir o descontrole” e que tem de “deixar claro que não permite o salvo-conduto”, afirmou.

Tarcísio participou em São Paulo do evento “Os desafios da segurança pública no Brasil: desafios jurídicos e institucionais”, promovido pelo IDP, na capital paulista, tendo como anfitrião o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Presente no evento, a professora Joana Monteiro, coordenadora do centro de ciência aplicada à segurança pública da FGV, criticou os abusos policiais e afirmou que é preciso combater a banalização do uso da força. Joana disse que é preciso que o Estado controle a polícia e avaliou que São Paulo reduziu esse tipo de controle agora.

Sem citar diretamente Derrite ou Tarcísio, a professora afirmou ainda que um discurso “populista” dos governantes dá aval a abusos. “O que os senhores falam importam muito. As mensagens que passa para as pessoas, para a tropa, tem efeito muito maior do que qualquer aparelho tecnológico. Discursos populistas de que pode usar a força quem mais sofre é o policial. Quem vai cair e ser responsabilizado criminalmente. É um discurso ineficaz e muito ruim”, disse Joana. “O que estamos vendo é um processo de deslegitimação da polícia.”

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que também falou no evento, direcionou seu discurso para defender a PEC da Segurança Pública, defendida pelo governo federal. Lewandowski reclamou, no começo de sua fala, das dificuldades enfrentadas na Pasta. “Depois de alguns meses à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública percebi que estamos enxugando gelo em relação à segurança pública.”